Centro esportivo (e mais algumas pedaladas em Luxemburgo) 10/2009

Cheguei ao tal centro esportivo de Luxemburgo, que não é nada de mais

Tem de entrada essa escadaria nada convidativa para um idoso ou deficiente, que precisa dar a volta

Tem um ginásio multi-uso bem bacana, mas que estava fechado

E esse pequeno parque aquático que consegui fotografar de fora

Já no caminho de volta pro albergue, passo por mais um edifício da União Européia. Repare no corte dele, com a rua passando embaixo.

Numa curva bem fechada, esse caminho mais-que-agradável para caminhar, pedalar, sentir a cidade e o verde… (Tente encontrar na foto qualquer mísero lixo largado no chão)

Detalhe pro espelhinho, fosco e sujinho, que garante a segurança da curva fechada na rua de duas mãos. Mas quase não passa carro…

…e esse foi um dos motivos de ter sido tão emocionante descer essa ladeirona!

Fiquei me perguntando se a Velóhzinha (bicicleta pública de Luxemburgo) ia agüentar o tranco

Totalmente perdido e com o GPS demorando pra deslanchar, vejo essa torre, que já me remeteu às muralhas que cercam Luxemburgo, e que portanto serviu como sinal de que eu já estava chegando perto do albergue

Bingo! Mais algumas pedaladas e já alcancei essa ponte, melhor referência da localização do albergue. Fim do passeio! 🙂

Indo para o Centro Esportivo e a Philharmonie de Luxemburgo

Hoje peguei uma bicicleta para ir até uma área afastada da cidade, onde há poucos anos foram construídos a sede da Philharmonie, com monumentais salas de concerto, e um centro esportivo público.

É pra lá que eu vou! (É engraçado observar que essa ponte – assim como outras – são também consideradas cartões postais de Luxemburgo)

Marco em homenagem a Robert Schuman, ex-primeiro ministro francês e um dos fundadores da União Européia.

Ele também ganhou o nome da rua…

…e da própria ponte.

Daqui da ponte, o visual incrível dos vales de Luxemburgo

…e, não à toa, foi aqui o espelho que esse casal escolheu…

…para contemplar sua própria felicidade.

Continuando, volto pra minha bike pública (vou fazer um post só sobre elas). Repare que a ponte, claro, tem uma travessia exclusiva e segura para bikes e pedestres. Diferente do cartão postal de São Paulo, a ponte estaiada, onde é proibido (!) entrar a pé ou de bicicleta.

Seguindo viagem, passo por esses prédios aí, sede de alguns órgãos da União Européia

E, já que falei de São Paulo, sinto saudades de lá ao ver aberrações como esta da foto.

Que desperdício! Olha quanto espaço! Dava pra fazer muito mais pistas pra carros, não é, prefeito Kassab? Não é, governador Serra? Não, os luxemburgueses preferiram plantar árvores em vez de dar lugar aos carros. Eles têm muito a aprender no Brasil!

A caminho da sede da UE 10/2009

Bruxelas é a capital da União Européia. Cidade que abriga as decisões de todo o bloco de países que, depois de tantas guerras, perceberam que a melhor forma de viver é em cooperação.

A sede da UE não é atração turística e os próprios belgas me disseram: “não perca tempo indo ver aquele monte de prédios”. Ah, mas eu perco sim… Imagina se vou deixar de ver isso!

Peguei uma bike no Villo e fui a caminho da sede da UE. Demorei muito pra chegar. Porque Bruxelas é mais uma daquelas cidades em que você planeja ir num lugar mas pára tanto no caminho que nunca chega.

Começando pela Beurs/Bourse, a Bovespa daqui

Com sua escadaria-ponto-de-encontro sempre cheia de gente, cerveja espirrada no chão e sujeira. Esses degraus são também o palco de toda manifestação que se preze na cidade.

Logo ali do lado, e embaixo, um minúsculo museu abriga ruínas descobertas durante uma obra na cidade.

Warandepark/Parc de Bruxelles

Lugar ótimo pra caminhar e pedalar

Inclui joselitos deitados na grama sem ninguém incomodar. Isso é liberdade!

Logo em frente…

…o Palácio Real de Bruxelas

Tudo facilmente acessível com uma bike

Praça Real Konings Plein

Albertina Plein/Praça

Gostei desses vidrão-tudo no meio dos prédios antigos

Palácio da Justiça

Vista superior da região da cidade onde acontece o Flea Market e também onde os belgas se refrescam numa piscina pública

E uma descoberta: Bruxelas também tem seu “elevador Lacerda”

…que, claro, aceita também bicicletas.

Transportes em Bruxelas 09/2009

Quando eu disse no post anterior que os motoristas belgas já eram bem mais agressivos que os holandeses, era uma observação de brasileiro cansado de violência no trânsito.

Ainda assim, Bruxelas é uma cidade-exemplo em transportes por sua extensa malha metroviária e transporte de superfície de fácil entendimento.

Mas não adianta: vício por carro transforma qualquer cidade, mesmo com transporte público eficiente, nisso aí. Passei (de bike) uns 40 carros neste engarrafamento e a maior parte tinha apenas uma pessoa dentro. Conversei com um motorista e ele disse que não usa o metrô porque “é desconfortável”. Talvez essa seja a próxima desculpa dos paulistanos, quando cada um tiver metrô na porta de casa 🙂 (a desculpa atual em SP é: “o transporte público é uma porcaria”)

E uma cidade ainda não tão evoluída quanto Amsterdam acaba permitindo aberrações como esta: carros na calçada!

E mais carros na calçada… Onde o pedestre anda aqui? Na rua?

E mais aberração: praça inteiramente tomada por carros.

E mais aberração: motorista poderoso em seu cavalo arrasta tela divisória de obra (laranja, veja na foto) e segue assim pela cidade, mesmo após ser avisado pelo pedestre.

Mais: quadrúpede deixa uma de suas patas perdida na calçada.

Mas vamos falar de coisa boa: Bruxelas tem car sharing! Você elimina a necessidade de carro próprio (e todo o custo que isso acarreta) pois tem à disposição carros “públicos” que podem ser alugados a qualquer momento, somente quando há necessidade.

E tem também ônibus moderníssimos, integrados ao metrô e com hora certa pra passar. Basta consultar os painéis nos pontos de parada.

Bruxelas é também muito bem sinalizada para o turista. Viu, prefeitos brasileiros? Simples assim!

O metrô da cidade tem estações com trabalhos interessantes como este aí.

E um painel informativo muito curioso: a bolinha acesa te informa onde exatamente está o trem que você espera. Quase um joguinho (só não é interativo 🙂

E esse aí é o dito cujo: metrô de Bruxelas!

Que tem uma curiosidade em seu mapa: a linha azul é uma cobra que come o próprio rabo. Em boa parte da linha, tanto faz o sentido que você pega o trem, você vai passar pela mesma estação. Ou seja: é preciso “calcular” qual sentido vale mais a pena/será mais rápido. Entendeu? 🙂 (clique na foto para ver maior)

E mais uma curiosidade, essa aqui realmente interessante: o sinal para o pedestre abre junto com o sinal para o carro da rua transversal à da faixa de segurança. Clique na foto para ver: o bonequinho está verde mas o carro passa. Ou seja: o cara que vai converter/virar/entrar na rua na qual o pedestre está passando está com o sinal verde. A sinalização é baseada no bom senso: se há pedestre, o carro deve parar e esperá-lo. Sabia que a lei brasileira prevê exatamente o mesmo? A diferença é que no Brasil (ao menos Rio e São Paulo), NINGUÉM cumpre (e ninguém fiscaliza…)

Pra fechar, o “honor system” do metrô: não há bloqueio ou catraca. Compre sua passagem, valide na entrada e boa viagem! A partir da linha vermelha, você pode ser solicitado a mostrar seu ticket. Sistema baseado na honestidade. Vou falar mais sobre isso no próximo post.

Bruxelas: mais uma cidade das bikes!

Que maravilha! Bruxelas é mais uma “cidade das bikes”. Ela tem o básico que todo mundo já conhece (ciclovias, ciclofaixas, bicicletários por todo canto) adicionado àquilo que mais importa para a bicicleta realmente funcionar como meio de transporte numa grande cidade: um sistema de bicicletas públicas eficiente e o RESPEITO por parte dos motoristas.

Mas vale comentar: o “respeito dos motoristas” aqui está alguns anos atrás daquele que vi em Amsterdam e também em Rotterdam. Percebe-se claramente que o holandês é bem mais evoluído neste aspecto que o belga. Aqui em Bruxelas o machismo automobilístico se faz mais presente, com arrancadas e acelerações ameaçadoras e desnecessárias, buzinaços estressados e sem resultado e, por fim, a nítida expressão facial de boa parte dos motoristas, incomodados, ao se deparar com uma bicicleta: “é, eu tenho que respeitar isso aí…”

Não estou sozinho no diagnóstico. Os próprios guias locais o dizem:

“Exceto aos domingos, os carros mandam em Bruxelas. Seja bastante humilde se você está a pé. Não é coincidência que os poucos ciclistas da cidade usam capacetes. Os cidadãos de Bruxelas ainda pegam seus carros para ir comprar pão ali na esquina.”

Engraçado ver uma crítica dessas numa cidade que, comparada a São Paulo, parece até vazia de carros. Se aqui o povo é sacaneado por pegar o carro para ir comprar pão, o que dizer do paulistano, que só não leva o carro pra dormir junto porque em geral ele não cabe na cama?

Como disse, Bruxelas está um pouco atrás de Amsterdam, mas ainda assim séculos à frente do nosso Brasil, onde sentar ao volante ainda parece ser símbolo de poder e preferência absolutos e ainda sinônimo de transformação em um quadrúpede capaz de ameaçar vidas com o simples argumento da pressa.

Pra começar muito bem, Bruxelas “copiou e colou” o sistema idêntico de bicicletas públicas de Paris, o excelente Villo. Dezenas de estações espalhadas pela cidade permitem e facilitam a locomoção a preços irrisórios, bastando para isso um cadastro simples e válido para sempre.

Toda estação tem uma interface dessas, na qual em 5 minutos você se torna um usuário do Villo. Cartão de crédito aceito, escolha a bike que quer e pronto! Só sair pedalando. A primeira meia hora é grátis.

E é andando pela cidade que, a cada quatro ou cinco quadras, você encontra mais uma estação do Villo. Cada uma com um mapa indicativo de todas as outras. Faça seu roteiro e já programe onde devolver a bike que está com você agora.

A oferta é excelente e a manutenção também. A escolha de qual bicicleta pegar vai unicamente da preferência inexplicável por alguma dessas irmãs gêmeas aqui 🙂

A prefeitura, que não é do Kassab, levou a sério “essa história de bicicleta” e criou fluxo preferencial para elas, mesmo em ruas proibidas para carros (exemplo na sinalização acima).

O governo entendeu que você não precisa esperar ter centenas de milhares de ciclistas (e algumas centenas de mortos) para começar a perceber a existência deles.

Você precisa é primeiro criar a estrutura adequada para aí então começar a ver bicicletas brotarem, dia a dia, como substitutas aos milhões de carros que entopem nossas ruas, artérias e brônquios, melhorando a qualidade de vida de todos.

Dito isso, você vê uma Bruxelas toda pensada e sinalizada para a solução das cidades do futuro.

Com ciclofaixas por todo canto…

…válidas permanentemente, 24h por dia, garantindo a segurança da locomoção dos naturalmente ecológicos ciclistas.

Assim como em Amsterdam, bikes têm também preferência na saída do sinal verde – e espaço reservado para tal.

E como é crucial também facilitar a baldeação, a utilização do transporte inter-modal, as bikes são também muito bem-vindas no metrô de Bruxelas.

Assim como em diversos outros locais públicos, como a estação central de trem, que dispõe de bicicletário seguro e gratuito.

Pra quem gosta da bike só para atividades de lazer, tem também ciclofaixa paralela a pistas de corrida, e paralela a uma “árvores-faixa” 🙂

Eles querem mesmo se mostrar uma cidade moderninha e avançada em transporte sustentável. Tanto que botaram esse bicho aí no meio da rua pra bater o martelo e simbolizar a mudança!

No próximo post vou falar mais sobre os meios de transporte na cidade de Bruxelas. Até!

Chegando em Bruxelas 09/2009

“Viajar de trem é legal só porque é diferente ou é diferente porque é mesmo muito melhor?”

Estação central de Bruxelas! Toda clássica, desde a fonte utilizada na sinalização.

Bilheteria

Porta-volumes: o “volume” que as pessoas mais guardam aqui é… bicicleta!

Assim como Amsterdam, assim como Rotterdam, mais uma estação central de trem cheia de obras na porta.

Pronto, já estou na capital da abençoada União Européia! Chega de estação de trem. Vamos pra putterie!!!

Transporte em Rotterdam 09/2009

Rotterdam segue bem o exemplo de Amsterdam: cidade com excelente infra-estrutura para locomoção de pessoas (transporte público, a pé, bicicleta). Cai vertiginosamente, assim, a necessidade do uso do carro. Com isso, tem-se uma cidade muito mais silenciosa, menos poluída, mais segura, menos estressante e mais agradável de se viver.

E tem firulas que tornam ainda mais segura a convivência de pessoas que já se mostram educadas e respeitosas no dia-a-dia. Como esta faixa de pedestres luminosa. Veja no vídeo:

 

A placa já diz: faixa compartilhada!

Ciclovia à beira do Rio Naas. Quase Rio de Janeiro! 🙂

Faixa preferencial de espera para as bikes no semáforo

Isso funciona tão bem e é tão simples e tão eficiente e tão educativo e tão barato de implementar… Sabia, prefeito Kassab?

E alguns detalhes dão gosto de ver: repare nesta foto no espaço entre a ciclofaixa e as vagas de estacionamento: já está prevista a distância de segurança para a abertura da porta do motorista estacionado (já que a gente nunca se lembra de olhar o retrovisor antes de sair do carro).

Ponte Willemsbrug novamente e suas faixas segregadas. O resultado é simples: mais bicicletas, mais pedestres, mais saúde, menos carros.

O transporte é complementado por trams (bondes modernos) que utilizam trilhos energizados (via aérea) como este aí

E se quando ouve “bonde” você imagina um veículo velho e lerdo, experimente os modelos europeus

Sinalização sonora e visual avisa que tem tram vindo (clique na imagem para vê-la maior)

Não precisa sinal. A placa só lembra: faixa de pedestres. Se há pedestre, o carro tem que parar. E pára!

E pra quem prefere usar o ônibus, são modernos carros como esse aí…

…que, devido à instalação bem planejada de bicicletários públicos (e seguros), podem servir como complemento ao seu transporte cotidiano.

Curiosa “cabana” anti-roubo para bikes.

Noite das belezas em Rotterdam

Como já disse, Rotterdam está sendo uma ótima surpresa na minha viagem. E pensar que eu nem vinha aqui!

Pois bem: numa daquelas saídas em que eu praticamente nunca volto pro albergue – principalmente quando estou de bike -, explorei a cidade quase inteira em cerca de 10 horas pedalando. Isso com direito a muitas longas paradas para fotos, reabastecimento ou contemplação mesmo.

As fotos mais bonitas da viagem (até agora) estão aqui. Bom proveito! 🙂

Tudo começou quando vi essa girafa aí. “Vou pedalar até lá pra ver”.

No caminho havia a ponte Willemsbrug.

Que, pra minha surpresa como brasileiro-sofrido-sobre-duas-rodas, tem pista segregada para ciclistas e para pedestres. Viu, Kassab? É assim que se faz uma ponte de verdade! Para todos! O cartão postal de São Paulo é exclusivo para carros… Triste que só vendo (de longe).

E aí que, no caminho pro espigão, eu vejo essa maravilha arquitetônica. Edifício-sede da Unilever, construído por cima de uma antiga fábrica (preservada).

Esses prédios aqui (cara de orla do Rio!) têm vista para o Rio Naas…

…e para a Unilever.

Outro orgulho arquitetônico do povo de Rotterdam é esta desativada ponte, suspensa para a passagem de navios no rio que deu berço ao maior porto da Europa.

Indo até a ponta da ilha de Noordereiland, essa é parte da vista…

…que os moradores desses prédios têm…

…com jardim público na porta…

…e ELA! Ponte Erasmusbrug, cartão postal da cidade.

Ela parou ali pra comer um sanduíche e pensar na vida. Sozinha. Que perigo!

Sim, é um bom lugar pra pensar na vida! 🙂

E já tô chegando mais perto do espigão!

Pronto. O espigão, em obras, visto de baixo.

Veja só… Do nada, num lugar já fora do mapa, uma exposição de fotos ao ar livre. Sem piche, sem mijo, sem mendigo.

E com vista pra mais um prédio com iluminação sensacional

Teatro Luxor

Agora, a Erasmusbrug em carne e concreto! Mais uma com pistas segregadas para transporte público, individual, pedestres e ciclistas. Harmonioso, humano e funcional!

Já eram quase 4h da manhã e eu ainda pedalava. Encontrei no Centro mais um prédio sensacional da Unilever.

Detalhe para o dispositivo anti-escaladores-de-pau-de-sebo da câmera de segurança.

Rumo a Rotterdam!

Dúvidas aqui e ali, acabei decidindo passar SIM por Rotterdam, antes de Bruxelas. É caminho! O que custa?

O chamariz foi coisa que li no meu guia. Mais ou menos assim: “cidade totalmente destruída pela Segunda Guerra, soube se reconstruir renovando a maneira de pensar a relação do cidadão com o espaço urbano”. Uuuuuh, isso me interessa!

Campos com boizinhos. Paisagem costumeira no interior da Holanda.

Chegando na estação, o cheiro de cimento.

Assim como em Amsterdam, aqui está tudo revirado, em obras!

Incluindo um mega túnel por baixo da grande praça que vai ser devolvida para seus verdadeiros donos (os pedestres), substituindo uma avenida de hoje.

Projeção da nova estação de Rotterdam

E esse arranha-céu é a primeira imagem ao sair da estação

O centro da cidade está cheio de prédios modernos,

quase gritando: “demos a volta por cima!”

Esse aí é um dos destaques arquitetônicos da cidade (fachada)

(parte interna)

Primeira coisa a chegar na cidade: alugar bike!

Com cuidado pra não furar o pneu, caso eu resolva descê-la pelo corrimão de saída (!)

O melhor aluguel de bike em Rotterdam é mesmo esse ao lado da estação central. Bicicletas boas, estacionamento gratuito ali no período da locação e toda a assessoria dos caras, que também são uma bicicletaria.

I Amsterdam 09/2009

Sessão idiota de fotos às 4h da manhã num dos cartões postais da cidade.

Só pra contextualizar: essa aí é a praça onde fica o Museu Van Gogh e o “I Amsterdam”.

Já tinha passado aí de dia com o Bike Tour (que, aliás, recomendo, apesar de caro – 10 a 15 euros).

Voltei na madrugada pra aproveitar que não tinha ninguém…

Minha companheira de viagem!

Palavra-chave de Amsterdam: LIBERDADE*! De andar sem ser incomodado, de fazer o que quiser sem ninguém te encher o saco, de ficar às 4h da manhã no meio da rua numa boa mesmo sob atitudes que seriam “suspeitas” ou “dignas de averigüação” sob os olhos de qualquer policial brasileiro. E não por culpa do policial, mas do brasileiro mesmo, que é socialmente educado a agir corretamente apenas sob (e se houver) risco de punição.

Cultura diferente… A Holanda é, de todos os países que conheci no mundo até hoje, o mais Live and Let Live de todos, em todos os sentidos, momentos, posturas, ruas, posições sociais, funções e detalhes. Já me sinto aqui, em alguns poucos dias de convivência com a cidade, muito mais LIVRE que naquela em que vivi 27 anos – e também na que vivo há um. O povo simplesmente não te controla. “Faça o que quiser”, foi a mensagem silenciosa que eu senti na falta de reação negativa das pessoas para inúmeras coisinhas pequenas.

Se isso é tão facilmente perceptível aqui, ainda mais por um turista “excêntrico” como eu, imagine viver permanentemente sob essa ótica!

É isso… Sensacional. A Holanda me conquistou com um detalhe muito sutil mas que faz toda a diferença na vida.

E ai fico viajando na possível base de tudo isso… Essa aqui já foi terra francesa, na época de Napoleão… Já foi terra alemã e nazista, na 2a Guerra… Talvez esteja mais ou menos por esse histórico essa paixão do holandês pela liberdade, quase transgressora, que surpreende (e norteia) o mundo em tantos aspectos.

* Arianos são muito bem-vindos em Amsterdam.

Vondelpark Amsterdam

Pedalando de madrugada no Vondelpark!

Pois é, brasileiros e brasileiras, acreditem: aqui os parques simplesmente não fecham!

Mais: não há perigo!

Isso mesmo. Não tem cerca nem grade.

E ainda não acabou: sexo liberado! Acredita?

Esse aí é o Vondelpark, um dos mais populares da cidade

Obrigado pela homenagem! Aposto que é coisa da Secretaria de Turismo. Ai essa Holanda…

Anoitece no Vondelpark. Buuuuu…!

4h da manhã: Vondelpark com bicicletas, bêbados voltando pra casa, casais namorando, casais namorando-no-sentido-que-você-pensou, pessoas fazendo jogging, mochileiros brasileiros pedalando e tirando fotos…

Boa parte da paz do parque é garantida por isso aí: carro não pode entrar.

ING headquarters (Amsterdam) 09/2009

Além do Wozoco Apartments, outra curiosidade minha era o edifício-sede da ING. Fui lá!

Adivinha o meio de transporte!

É esse aí o bichão

E os dois malucos que foram comigo ver o prédio. “Vão prum coffee shop!”, diziam alguns não-sei-inovar, no albergue, antes da nossa partida.

O projeto, li em algum lugar, reduziu em 90% o consumo energético que o edifício teria.

E a fachada toda envidraçada certamente tem forte influência nisso.

Arquiteto? Sabe mais detalhes? Comente!

Não parece a bunda duma TV de tubo? (Se você não lembra o que é uma TV de tubo, saia deste blog safado! Você é menor de 10 anos!)

Oh yeah!

Wozoco Apartments (Amsterdam)

Foi com essa cara de idiota aí que eu acordei hoje pensando: "qual das 20 coisas da lista eu mato agora de manhã?"

A enorme curiosidade enorme me fez escolher ir ver de perto o edifício diferentão Wozoco Apartments. O projeto já foi premiado mundo afora, se não me engano.

O mais inesperado desse passeio alternativo foi: vou ter companhia! Tarcísio, outro carioca que por acaso do destino veio parar no mesmo quarto que eu e uns japas. Sempre acontece em todo mochilão: brasileiros e japas! E os japas também são da mesma cidade. E também não se conheciam. E também descobriram amigos em comum em 5 minutos. Enfim…

O carioca também é ciclista e também gosta de arquitetura. Ah, e não somos boiolas!

Vumbora! 6km não são nada em cima duma bike, mesmo cacareco.

Obras no caminho. E o nosso cacareco virou Sand Bike por alguns minutos.

No caminho, uma surpresa: o estádio olímpico que sediou os jogos de 1928 na cidade.

Hoje totalmente reformado, claro.

Quase chegando, passamos pelo Sloterpark. Não lembra muito a vista pro lago do Ibirapuera?

E aí tá ele!

Arquitetos e engenheiros, help me!

Os fundos do Wozoco

Terrível avenida engarrafada e barulhenta em frente ao prédio.

Amsterdam é um paraíso. Que essa varanda caia na minha cabeça se eu estiver mentindo!

World Trade Center (Amsterdam)

Dei uma volta no World Trade Center, para conhecer a Av. das Américas (ou a Berrini) de Amsterdam: área afastada com modernos centros comerciais. Fica na Rigweg Zuid.

Já tá ficando até chato: claro que um centro empresarial de Amsterdam vai ter um mega bicicletário, né? Foi só ficar olhando 5 minutos para ver dúzias de executivos engravatados chegando e saindo em suas bikes. Carro como símbolo de status? Isso é mais coisa (besta) nossa, de brasileiro!

Coleta seletiva de lixo

Edifício onde fica o escritório do Google em Amsterdam

Edifício-sede do ABN AMRO Bank, holandês

Amsterdam: cidade das bikes. E das pessoas! 09/2009

Imagine morar numa cidade em que você pode, sem culpa de fumante-sem-cigarro, respirar fundo!

Amsterdam é um sonho pra qualquer pessoa. E, mais ainda, pra qualquer ciclista. E não estou falando de ciclovias, ciclofaixas, bicicletários e todas as demais baboseiras que nossos prefeitos adoram usar como desculpa orçamentária para não apoiar a bicicleta.

Não! Refiro-me a uma coisa muito mais simples, e que só depende de consciência: o RESPEITO. Sim, bicicleta aqui é rei (a ponto até de eu perceber que os espertinhos* de Amsterdam estão mais entre os ciclistas que entre os motoristas).

Se tem uma bicicleta cruzando, é dever de todos os carros pararem. A única exceção de prioridade são os trams, bondes modernos que substituíram há tempos os ônibus poluidores, barulhentos e caquéticos que países como o Brasil insistem em ter como seu principal artifício de transporte urbano.

* espertinhos: são aqueles que furam sinal vez ou outra, passam numa rua que não pode vez ou outra, estacionam onde não deveriam vez ou outra, e por aí vai.

Primeira imagem de Amsterdam, já na estação de trem. Linda, não?

Sim! Essa cidade ama as bikes!

É assim que se pedala em Amsterdam.

Educando muito bem a filha desde cedo! 🙂

Como se vê, pedalar aqui é perigosíssimo. “Coisa de maluco”.

Ou “coisa de menino”.

E dá-lhe estacionamento (público e gratuito!) para bikes.

Neste parking, ao lado da estação central de trem…

…os holandeses param sua bike para, digamos, passar o fim de semana…

…ali num país vizinho.

Na volta, seu meio de transporte saudável e não-poluente está ali aguardando o dono.

Paisagem normal e até cansativa, de tão recorrente.

Estacionamento privado de bikes.

E lotado!

Esses “pinos” são uma maravilha européia: impede a circulação de carros e, somente quando necessário, pode ser imediatamente recolhido para uma real necessidade (ambulância, por exemplo).

Engarrafamento de bikes

Flagrante: um carro na ciclovia! Cadê a CET?

Outro flagra: carro na calçada! Pô, tá parecendo o Rio!

Escada já preparada para o pedestre com sua bike ao lado (repare na rampa, nos cantos)

Aqui também: escada de acesso ao metrô

Falando em metrô, é assim que ele é por fora…

…e por dentro!

Sensacional essa loja de bicicleta (“bicicletaria” para os paulistanos): fecha as portas mas deixa pra fora, pra quem precisar, a mangueira de ar.

Bicicletáxi!

Convivência pacífica e bonita do tram (bonde moderno) com a cidade. E a gente ainda insiste em ônibus no Brasil…

Painéis informam o tempo restante para o próximo tram.

Obras na estação central vão melhorar (mais?) a integração trem x tram x bicicleta x carro x ônibus. Investimento em transporte público!

Sinalização específica para bike

E também essa, importantíssima: faixa para a bicicleta aguardar a abertura do sinal, sem correr (nem criar) risco lá atrás, espremida entre os carros parados (e loucos para arrancar).

Muitos carros a menos! Até amanhã.

Dica para alugar bike: o clássico em Amsterdam é o MacBike. Foi onde aluguei minha carrocinha.

Numa boa? Evite. Os caras estão tão famosos (e indicados por Deus e o mundo) que se lixam para você esperando na fila, colocam um preço desnecessário (mais de 10 euros por dia) e, pior de tudo, não são criteriosos na manutenção da bike – a minha, quando devolvi, estava com a roda da frente quase alçando vôo. Faltava pouco para a minha testa descobrir isso, beijando o asfalto.

Ou seja: PEDALE! Mas procure outra empresa.

Arquitetura em Amsterdam

Arquitetos, abençoai-vos o pai!

Quem acompanha meus blogs sabe que eu adoro* arquitetura e urbanismo, especialmente quando estão considerados modernidade, usabilidade e integração com a cidade. Taí um pouco do que já me chamou a atenção em Amsterdam até agora.

Quem não explora a cidade acha que ela só tem prédios baixinhos e antigos

Conjunto residencial

Pracinhas já fazem parte do projeto. Detalhe: não precisam de cerca, pois os motoristas respeitam a vida. Também não precisa de grade, pois não há perigo de assalto.

Região estritamente residencial, de frente para um dos 165 canais da cidade

Casas abertas, sem cerca, sem proteção. Não precisa proteção.

Restaurante-réplica do original, na China. Detalhe: conta a lenda que ele foi projetado para 1.000 chinezinhos.

Foram inaugurar a réplica com 1.000 holandeses. Sabe o que aconteceu? Glub glub glub!

Amanhã eu vou em dois projetos realizados aqui e reconhecidos mundialmente: ING Headquarters e Wozoco Apartments. São distantes, mas nada que uma bicicleta não vença em minutos. Aguarde!

* PS.: adoro arquitetura. Mas gostar não é entender. 😉

Biblioteca Pública de Amsterdam

Passeiozinho de fim de tarde imperdível pra relaxar e contemplar Amsterdam: a Biblioteca Pública da cidade!

O prédio é aquele da esquerda.

Ocas (?) de estudo. Sensacional!

Internet livre e de graça. Só alguém do terceiro mundo pra ainda se surpreender com isso.

Detalhe para as colunas de luz iluminando os títulos

Aceita um café? 🙂

Barbicha cada vez mais feia. E vamo que vamo!

Nem precisava contar… Mas tá aqui: a biblioteca, claro, tem um espaço gigante reservado para ela!

Quer respeito? Vá buscá-lo! (duplo sentido) 09/2009

Quem me conhece sabe que há 6 meses entrei numa briga que vai seguir comigo pela vida por algum bom tempo: respeito à bicicleta no trânsito! Como esse aqui é um blog pra falar só da minha viagem, nem vou ficar desviando o assunto e entrando no detalhe de que bicicleta é veículo previsto na lei, que não polui, que tira carros das ruas, que melhora a convivência, a cidade, a atmosfera, o ar, as pessoas, o mundo etc.

Mas a véspera da minha viagem – e primeiro dia das férias 2009 – foi dedicado às atividades do Dia Mundial Sem Carro.

Que foi coroado com uma bela Bicicletada…

…no final da noite. Em determinado momento em que eu conversava com motoristas, entregando panfletos e explicando o porquê da nossa manifestação, um taxista a alguns metros de distância me chama, aos berros.

– EU SOU CONTRA ISSO AÍ!
– Boa noite, senhor! Contra o quê?
– Contra a bicicleta! Essa idéia é um absurdo!
– Por quê, senhor? A bicicleta é um meio de transporte, difundido e comum nos países mais evol…..
– OUTRO DIA MATARAM UMA AÍ, NA PAULISTA! Morreu uma ciclista! Tem que proibir!
– Senhor, ela morreu justamente pela irresponsabilidade do motorista que…
– NÃO PODE! NÃO PODE!!!
– Então vamos proibir o sexo, já que ele transmite Aids?

Abriu o sinal e o taxista, super preocupado com ciclistas que morrem atropelados, sai cantando pneu pela Av. Paulista. Vontade de embarcar logo pra Amsterdam!

Eu quero respeito. Estou buscando, exigindo, informando e educando, desde que comecei a pedalar em São Paulo, todos os dias. Agora eu vou buscá-lo também literalmente! 🙂

E assim começa o Aranha na Europa 2009! Do roteiro, só tenho duas certezas: começo por Amsterdam, termino em Copenhagen. O meio, vou decidir no caminho, como eu gosto.